terça-feira, 18 de agosto de 2009

O Enigma de Jade (parte I)

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Desde que Zazael partira do pé do monte SHION, se passaram 3 dias e 2 noites e a terceira estava encobrindo o céu com um tom negro, a mesma cor que envolvia seus pensamentos. Apesar de exausto pela longa escalada, andará agora mais rápido do que antes, por sentir que estava perto do seu destino. O Encontro com o mestre zen seria sua última chance de tirar de vez da cabeça a idéia maluca que há tempos tivera, e a esta altura já estava disposto a tentar esquecer sua antigas convicções e admitir que apesar de sua razão não concordar, realmente existe algo maior, algo divino. Zazael subiu o último degrau olhando para os céus, que estava sem nenhuma nuvem e com pouquíssimas estrelas, e a única coisa que via era um tom negro que de certa forma o confortava. Ao pisar o último degrau e finalmente se posicionar na frente de um longo caminho que o levaria ao portal principal do templo Budista Omom. Zazael abaixa lentamente seus olhos e fita as abóbodas do templo e cuidadosamente ele diferencia o contorno da antiga construção que sem brilho se misturava ao horizonte negro, e neste momento sentiu que estava um lugar onde todas as direções do espaço se encontravam convergindo para um único ponto em um passado remoto, quando o próprio tempo ainda engatinhava, e ali ele sentiu paz.

Nenhuma iluminação havia no lado de fora, a única luz era a que escapava das janelas do interior do templo e obedeciam aos limites do grande portal, e vinham na direção de Zazael, lhe envolvendo e convidando-o a entrar, conduzindo-o lentamente pelo estreito caminho de pedras a frente e abrindo passagem pela escuridão. Ele sabia que não encontraria pessoa alguma dentro do templo, assim seguiu sem hesitar portal a dentro. Seu único anfitrião seria o velho mestre, Pai Mei, isto se ele ainda estivesse vivo. Pelas informações que tinha, ele sabia que a mais de 3 anos ninguém subira ou descera do templo, e se não fosse sua grande influencia e também o grande volume de investimentos e agrados aos mais diversos homens, desde políticos até monges, jamais seria ele quem subiria aquele monte para saber se o mestre ainda estaria vivo.

Pai Mei era o homem de maior idade que ainda vivera e tirando algumas lendas que lhe atribuíam idades milenares, no mínimo 100 anos de história adulta poderia ser de certa forma comprovada deste homem que era a maior autoridade espiritual no oriente, rivalizando apenas com o próprio Dalai Lama. Pai Mei deixara sua meditação no monte SHION, a cerca de 15 anos, para dar uma pequena palestra em uma conferencia sobre meio ambiente, que reunirá diversos chefes de estado de todo o mundo no Japão. Neste encontro e por apenas 15 mim, o velho mestre budista, apresentou algumas reflexões ao importantes homens ali presentes, deixando como sempre mais perguntas do que respostas. De todas a que mais impressionou a Zazael, e este era o motivo pelo qual ele o procurara agora, fora a resposta dada ao questionamento de um presidente de uma importante nação européia, sobre como seria possível respeitar a originalidade da natureza e ainda assim conquistar os progressos que a humanidade precisa. Tal questionamento fora feito, como se Pai Mei estivesse lá para defender o ponto de vista de uma liga de ONG´s que o convidaram para participar do evento. Estas ONG´s defendiam que as floretas e mares deveriam ser intocadas e eram contra qualquer tipo de intervenção humana, o que segundo este pensamento, poderia mudar a direção da evolução natural das espécies, trazendo conseqüências muitas vezes trágicas ao meio ambiente, como geralmente trazem todas as novas tecnologias humanas que ao serem exploradas em longa escala, prejudicam as fontes naturais de recursos. A resposta veio após uma reflexão do velho mestre, que dizem os mais próximos a ele, deve ter exigido um grande esforço e uma profunda busca em seus vasto campo de pensamentos e memórias, porque sua expressão era a de quem carregava um grande peso nas costas ao pronunciar:

- Me falta fé na idéia de que o homem seja a cura para um erro que seria a vida, tanto quanto que ele tenha tal capacidade. Mesmo que por ignorância ou com consciência, com nobres ou perversos interesses, ainda assim, se quisesse aniquilá-la, fracassaria. Penso sim que cabe ao homem proteger e cuidar da vida, como cuida de sua família, sendo o homem, não o genitor, mas o filho, que atingindo a maturidade assume o papel de líder, buscando novos lugares e meios para protege - lá. Ao fazer isto um filho abandona, em parte, a originalidade de sua família, mas estaria ele desonrando a casa de seu pai?

Enquanto as lembranças tomaram conta de Zazael, ele já entrara no interior do Salão Principal do Templo. Os tetos eram altos de aproximadamente 10 metros de altura na base e com os cumes dos côncavos uns três metros mais acima, mas sem nenhum signo ou imagem em qualquer parte, apenas as cores de pedra bruta e sem acabamento. Sendo o ambiente muito nebuloso, com apenas algumas velas que deveriam ser enormes, porém estavam queimadas quase até o fim, como se estivessem produzindo luz a séculos e agora estivessem prestes a darem seu ultimo suspiro de luz e esparramando-se pelo piso, preparam-se para seu repouso final. O piso era muito frio e a parte mais brilhante de todo o templo, feito de mármore liso e escuro que espelhava as chamas das velas e as colunas que sustentavam o templo, que vistas pelo reflexo pareciam descer até as profundezas indo de encontro a escuridão. Ao centro na outra extremidade do grande salão havia uma figura, e quanto mais Zazael se aproximava, melhor podia distinguir um vermelho escuro da neblina que envolvia todo o salão.

Mais próximo, pode perceber que se tratava de um homem, vestido com um manto, de costas e em posição de meditação em cima de um amontoado de almofadas de cor azul. Olhando deste ângulo parecia que o homem flutuava a alguns centímetros, tendo uma pequena distancia que o separava de seu reflexo no piso. Zazael detêm-se aquela distancia observando se o homem manifestaria alguma reação a sua presença. Passa-se alguns minutos e como se sob efeito de alguma magia ou alucinógeno sua mente encontrava-se sem pensamentos, ele apenas observa e outra vez ele sentiu paz.

Sentando-se a um pequena distancia, Zazael, cria coragem de falar o motivo de sua visita. Como sempre, objetivo e direto, não precisava e nem queria explicar como chegou a li. De certa forma, sentia que provavelmente o Mestre saberia de sua vinda, e o aguardava. Assim sem meia palavras, mas em com um tom de voz respeitoso, perguntou:

- Grande Mestre, Pai Mei, preciso que me ajude a entender, se estou no caminho certo. Reuni ao meu redor grandes homens, e investi muitos recursos durante um longo tempo na tentativa de entender a sede da Humanidade por uma explicação divina para a existência. Deposito em sua pessoa a minha esperança, de estar errado, uma vez que apesar de todo o esforço despendido na tentativa de comprovar que a vida do homem não é apenas fruto do acaso, eu fracassei.


...continua

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