segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Orwelliano (comercial da Apple e aprendizagem)

É incrivel como certas coisas nunca foram percebidas até o dia em que a conhecemos pela primeira vez e desde então, volta e meia, a encontramos novamente. Você nunca tinha visto antes, se estavam lá, se a viu, nem percebeu. Não tive a oportunidade de ler o Hobbit, de JRR Tolkien, mas estes dias abri o livro e li a primeira frase com que ele começa. Foi o suficiente para me deparar com um artigo que começa com esta descrição que você acabou de ler. Assustador!

Como quando você compra um raríssimo carro da marca tal modelo X, que mal conhecia e agora você descobre que um vizinho do tio também tem, no caminho do trabalho sempre tem um estacionado e volta e meia aparece um no transito.  Mas não era raríssimo?

O Carro já existia, estava lá, você nunca tinha dado bola até que compra um e agora repara em todos o que aparecem pela frente. As vezes você faz a descoberta do século. Um website onde um genio (Aknator) advinha a personalidade que você pensou. Ai quando vai mostrar aos amigos eles já sabiam faz tempo. Dois dias depois você recebe um e-mail com um link para o site. Ve umas pessoas comentando sobre ele no corredor da faculdade.

Meu exemplo mais recente é o filme publicitário de lançamento do computador pessoal, o Macintosh, da Apple, que foi vinculado em 1984 durante o intervalo do Super Bowl. Considerado um marco para história da publicidade e que impressiona pelos numeros até hoje. Até recentemente nunca havia tido a oportunidade de conhecer esta história. Agora já me deparo com ela regularmente. O filme é belo (principalmente para um filme que tem a minha idade), é um marco para publicidade e também para o mundo dos computadores.

Pouca coisa vai mudar na sua vida agora que conhece este marco de criatividade - salvo os publicitários - a não ser o fato de que vai se deparar com ela logo em breve e em outros lugares. Se já conhecia encontrou de novo! Porém existem coisas importantes que nos foram apresentadas, que chegamos a conhecer e esquecemos completamente e que seriam importantes reconhecer. Somente após vivenciar a informação é que ela passara a ser reconhecida quando deparar com algo igual no caminho (comprar um carro é uma vivencia bem maior do que apenas ouvir falar uma descrição dele).

Fazendo uma pesquisa sobre livros digitais encontrei uma reportagem que criticava a posição da Apple de utilizar o DRM para restringir a utilização de qualquer software que não seja licenciado pela Apple Store, condenando esta atitude, dizendo que é um caminho para um totalitarismo maior que o cenário Orwelliano retratado em sua famosa peça publicitária.

Orwe.. o que? Bem, talvez já tenha ouvido falar em alguem lugar esta palavra, mas não se lembra. Se aprender seu significado, aprenderá a reconhece-lá em varios textos. Logo ficará admirado de não ouvir falr dela antes! Porém para aprender, eu a estou vivenciando através desta crônica o que realmente significa este adjetivo.

George Orwell (1903-1950) foi um jornalista e escritor que dentre outros livros tem o clássico Revolução dos Bichos. A história se passa na Granja do Solar, onde o Sr. Jones dono da Granja, explorava os animais para obter lucro e em troca les dava alimento, muitas vezes precário. George Orwell consegue através de sua alegoria mostrar como surgem e funcionam os sistemas totalitários devido as traços de personalidade humanos.

O Orwell captou muito cedo e demonstrou de forma muito elegante suas idéias sobre a manipulação da palavra feita por governos, dando origem ao adjetivo Orwellismo. conforme trecho da Biblioteca Folha:

Usa-se "orwelliano" como adjetivo pejorativo, para evocar o terror totalitário, a falsificação da história por meio da mentira organizada pelos Estados e, de modo mais licencioso, qualquer exemplo desagradável de repressão ou manipulação. Como substantivo, utiliza-se para denominar um admirador ou seguidor consciente de sua obra. Ocasionalmente se emprega como adjetivo elogioso, significando algo como "que exibe franca honestidade intelectual, como Orwell".


Se nem todos vão conhecer a fundo as obras de Orwell, como recomenda-se tanto pela importância histórica como pela capacidade de fazer literatura onde a política e a arte se misturam, que ao menos estejamos atentos ao significado altamente pejorativo que chama a atenção quando, em homenagem ao escritor, emprestamos seu sobrenome a algo.

Para ajudar a sua vivencia e interiorização, para que reconheça os "Orwelianos" que ainda vão aparecer na sua vida, veja o filme do famoso comercial, uma alegoria que exemplifica, e pode ser mais marcante que apenas ouvir dizer algo sobre totalitarismo:




Fontes:

1984 (comercial)
Apple Ipad
Biblioteca Folha

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