quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

IRA - Xadrez, truco e outras guerras (José Roberto Torero)


Ira, um dos 7 pecados capitas e uma guerra a la brasileira. São alguns dos ingreditentes deste delicioso livro do autor Joré Roberto Torero, que conforme informações da contra capa (inspiração do livro) nasceu em Santos e formou-se em letras pela Universidade de São Paulo (USP).

Sem dúvida alguma, qualquer apaixonado pela literatura e por livros, ao iniciar este, não verá a hora de termina-lo. Breve, porém, muito interessante, o livro nos leva a uma guerra, começando com seu nascimento na sala do Rei, e seus motivos empreender tal guerra, passando por vários outros membros também envolvidos (cada um a sua maneira e com seus motivos), desde o General até o Soldado - este o personagem principal, segundo descrição do próprio autor.


A história é interessante, os fatos narrados são também interessantes. Mas o que de faz deste um livro digno de ser lido e divulgado é o fato de o autor nos jogar algumas verdades, de forma divertida e sem meias palavras. É comum, durante a leitura, você para para rir e se sentir inteligente por entender a idéia que está sendo transmitida.

Muitos trechos mereceriam serem destacados, mas como acabaria por reproduzir a obra integralmente, segue apenas trechos do sermão proferido pelo Capelão a tropa, momentos que antecedem a batalha:

"Meus filhos, muitos de vocês devem estar se peguntando: Não é um dos mandamentos de Deus: Não matarás? Não disse Jesus que nos amássemos uns aos outros? Não nos ensinou ele que, quando fôssemos esbofeteados, deveríamos virar a outra face para apanhar novamente?

A resposta é três vezes sim.

Então, perguntariam vocês: Por que estamos indo nessa guerra?...

Estas dúvidas podem estar no coração de boa parte de vós, e, como a dúvida é uma porta aberta para a entrada do Diabo, tenho que esclarecer umas poucas coisas a respeito da suprema verdade.

Deus nos adverte, amados filhos, a respeito de sete grandes pecados:  Inveja, luxúria, gula, avareza, soberba, preguiça e a ira. Todos estes pecados são essencialmente maus e condenáveis, execto um deles, meus amados, e este é a ira.

A ira é o único dos pecados que pode ser uma virtude. Nenhum dos atos do Pai pode ser chamado de invejoso, preguiçoso ou avarento, nem o Filho pode ser acusado de ter cometido um ato de soberba, de luxúria ou de gula, mas tanto um como o outro iraram-se algumas vezes. 

Jeses irou-se contra Judas por ter censurado a mulher que lhe lavava os pés. Deus irou-se contra Adão e Eva e expulsou-os do paraíso. ..."

O texto em destaque da apenas uma pequena pincelada sobre o livro, de forma alguma pode-se compreender a história, o ritmo da leitura ou mesmo o enredo principal com base neste trecho. Porém, naturalmente vemos aqui um destaque para uma das maiores virtudes das(os) igrejas/sacerdotes. Por isto o destaque. Esta idéia "motivacional" e inspiradora, que em seu tempo foi útil para alguns povos, mas que com o amadurecimento da humanidade, terá que ser superada.

Uma guerra acontece por varios motivos, o menor deles, podemos facilmente acreditar, é que o inimigo é  a personificação do mal/demonio/inferno. Porém, para defender interesses, nada melhor do que a religião para justificar uma guerra, ao final deste sermão, o Capelão, neste caso um personagem, mas poderia ser um personagem real, ainda fala:

"...Esta ira é a ira santa, a ira que tem a bênção do céu. Avante, guerreiros de fé! 

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