segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Debate em Oxford (Deus, Um Delírio)

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Talvez para algumas pessoas um debate filosófico sobre questões sobre a espiritualidade seja, além de penoso, algo inútil, uma vez que seria infrutífero intelectualizar este assunto devido a sua própria natureza. A maioria das pessoas, por terem suas convicções, nem chegam a cogitar tal debate, considerando-o, um delírio. Por exemplo, alguém defende, hoje em dia, que a Sol gira em torno da Terra? Não que nossas percepções sejam claras quanto ao tema, mas se você ainda não conseguiu se convencer de que apesar termos a sensação de que a Terra está imóvel e que o Sol percorre um caminho todos os dias no céu, acredite, o fato é que ocorre exatamente o contrario! Ou se preferir inicie um debate a respeito do tema com seus colegas, professores ou se tiver acesso, questione algum astrônomo, seria o melhor, pois ele talvez seja o único que achará interessante explicar o tema. Pode ter certeza, sua iniciativa será considerada um devaneio e você um louco.

Existem outras “teses”, convencionadas como verdade, das quais normalmente não existem muitos questionadores e se existem não são levados muito a sério. A existência de divindades é uma delas. Não estamos falando aqui de religião, mesmo porque existem varias, com pontos de vista às vezes bem conflitantes. Estamos falando da existência de uma divindade, até porque existem entendimentos entre as diversas religiões da atualidade, e seus seguidores menos ortodoxos, de que elas são manifestações diferentes do mesmo Deus. Ainda assim existem interessados em questionar esta convenção. Se você tiver este interesse, poderá ler um livro de muito sucesso, que se dirige as pessoas dispostas a questionar de forma “racional” a existência de um criador para o universo, Deus, um delírio – do biólogo Richard Dawkins. Alguém com tendências ao ateísmo ao ler este livro deve pensar algo como: “Uff!... Até que enfim. É isto mesmo que eu estava pensando. Achei que era só eu que tinha percebido!” Deste sentimento devemos chegar a duas conclusões (já que estamos tentando chegar ao nível de um debate filosófico), primeiro, e anda estimulante, é a que realmente você não é nenhum super visionário como Charles Darwin ou Albert Einstein, que descobriu, sozinho, que a crença nas religiões atuais é tão legítima quanto a de que a terra proveio de uma parte de um deus-gigante morto em uma batalha antes do início dos tempos (com todo o respeito, diga-se, a cultura nórdica). Neste inicio do século XXI não é comum pessoas afirmarem que acreditam, ou simplesmente que viram, Minotauros ou Dragrões. Porém, o relato de contatos com espíritos de pessoas mortas, é bem comum. Existem muitas pessoas que pensam que a única diferença entre as religiões atuais e a mitologia grega, é apenas o momento histórico, bem menos, são as que se estão dispostas a debater este assunto, mas elas existem e devem ter existido durante toda a história.

O outro ponto é já que houve esta identificação com o texto, não seria pelo fato de talvez os temas abordados sejam de conhecimento comum e não fruto de alguma tese biológica avançadíssima. Neste ponto caberia a reflexão apontada no livro, O delírio de Dawkins, onde o autor, que tem uma posição totalmente contrária (o titulo já deixa isto claro!!), diz rebater ponto a ponto, com evidências, as concepções sobre e inexistência de um Deus, expostas por Dawkins. Neste livro, Alister McGrath, que se diz ser um ex-ateu e agora é professor de teologia histórica de Oxford (que mudança, ien?), levanta um ponto o qual realmente questiona a principal linha de raciocínio dos que dizem não acreditar em dragões, minotauros e deuses: a fé de que eles não existem! Realmente quando acreditamos em alguma coisa nos temos fé que aquilo seja verdade.

Mas precisamos mesmo provar que uma coisa não existe para ter certeza que ela não exista? O fato de não ver lagartos soprando fogo e abatendo aviões nos céus todos os dias, realmente não é argumento suficiente para provar que dragões não existem? Tudo bem, talvez o exemplo do dragão seja mais fácil de acreditar que é apenas um fruto de superstições da humanidade em épocas antigas. Agora, é realmente mais complicado de questionar a existência um criador do universo, que coincidentemente justifique nossa vontade de existir para sempre, que satisfaz nossa vontade de nos sentirmos amados e especiais, e ainda, que idealizou o mundo apenas para servir de palco para que sua principal criação, a humanidade, viva (e o adore). Dragões voam , são grandes e soltam fogo pela boca, e quais são as características que poderíamos identificar como sendo provenientes deste criador inteligente do universo? Bem, está divindade existe e a prova disto são todas as coisas que não conseguimos explicar foram obra dele. O amor é uma prova. A natureza com suas perfeições seria outra (ao menos naquilo que já não teve explicação cientifica). Em fim, a muitos enigmas que a humanidade ainda não decifrou. E provavelmente nem tudo poderá ser explicado com teses cientificas, ao menos enquanto formos apenas homo sapiens. Mas pior do que a contradição dos que tem fé na inexistência de um Deus é a contradição dos que crêem e justificam sua fé com base nas evidências de que existem fatos que ainda não podem ser cientificamente explicados. Como já disse Isaac Asimov: “Se para alguns parece difícil acreditar que o homem tenha evoluído do seio dos primatas, para mim parece menos coerente ainda acreditar que ele tenha sido criado do barro, instantaneamente, após um sopro de um ser mais complexo que o próprio universo”.

Desculpe Mr. Alister McGrath, mas a linha de raciocínio de meramente criticar a forma firme e contundente com que Deus, um delírio, fala das religiões é muito simplória, apesar de a linguagem do livro não ser politicamente correta, ainda assim pode ser que seu conteúdo seja verdadeiro. E inda, se sua principal justificativa para desmerecer os argumentos expostos é o de que os ateus também possuem fé. Pasmem! Acredite se quiser, mas, parece que os ateus são seres humanos!

Leia pelo Google Livros: Deus, Um Delírio (Dawkins, Richard - 2006)
O Delírio de Dawkins (Mcgrath, Alister/Joanna- 2007)
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