domingo, 19 de setembro de 2010

Quem somos....

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Não sou os átomos que compõe os tecidos do meu corpo. Menos ainda sou a minha condição dentro da sociedade. Não sou apenas o nome, a idade, a língua ou a familia que tenho. Sou tudo isto e muito mais. 

Sou tudo isso e ao mesmo tempo não sou. Sou as lembranças que tenho. Sou as paixões que vivi. Sou as coisas que aprendi. Sou as expectativas e sonhos que aspiro para o futuro. Sou tanto o fruto das minhas escolhas como o acaso de circunstâncias aleatórias da vida. 

Sou o sopro de vida que um dia se reconheceu no espelho. Um filho de pais tão antigos quanto as montanhas mais altas. Irmão de seres tão diversos que hoje compartilham comigo um mesmo momento e lugar no espaço. Sou os passos lentos de uma tartaruga a caminhar por um deserto imenso, que não pode lembra-se de onde veio e tão pouco sabe para onde está indo.

Ontem eu chorei. Chorei porque acreditava tanto no amor, lutava por ele como se fosse a unica experiencia verdadeira na vida. Colhi rosas para oferecer ao mundo e voltei com as mãos em sangue, cortadas pelos espinhos da minha oferta. Voltei com lágrimas nos olhos, eu estava decepcionado com tudo que vi. 

Para alento da minha fé, encontrei ignorância. Para as minhas aspirações, encontrei indiferença. No encalço dos meus sonhos, encontrei a própria cara metade do egoísmo, e ela me abraçou. Para meu senso de justiça, encontrei a motivação por trás dos mais distintos atos, e quem sou eu para julgá-los.

Chorei, mas isto foi ontem. 

Hoje quando acordei eu vi o Sol. Ele brilhava como se não se importasse com nada daquilo que me fez chorar e foi em sua indiferença que eu encontrei forças. Olho para baixo e percebo que ontem eu navegava pelos mares distantes da minha alma e voava pelos céus do mundo dos espíritos. Mas, hoje, estou com meus pés presos ao chão e a mesma força que me mantém firme aqui, movimenta meu mundo em busca desta luz.  Esta luz que me cega e me aquece. Não preciso saber de mais nada. E necessito tanto entender a razão de tudo isto. 

Voei por sobre as nuvens e vi o horizonte se encerrar em si próprio. Soube naquele momento que o fim está sempre fora do alcance de nossas mãos. O mágico da vida são estes momentos onde parece que tudo para. Estes momentos que nos fazem sonhar. Nos fazem sorrir. Nos fazem amar novamente. E que ficam guardamos dentro de nós para todo o sempre. São como retratos, com movimentos, cheiros e sensações. O significado de todo o inexplicável.  

Tão grande viagem deu-se, somente para buscar um encontro comigo mesmo. Pois cada ser humano é uma ilha isolada de tudo e de todos. Achamos sempre que a felicidade está nas pontes que tentamos criar, para que liguemo-nos uns aos outro, e assim procuramos o próximo como crianças desesperadas a procura de um pai. Mas a verdadeira felicidade está em sentar em baixo da nossa própria sombra, sob nossos próprios pensamentos, e reconhecermos a nossa ilha como nosso lugar sagrado. E abraçar, nem que seja só por um instante, nosso criança e dizer: 

- Fique tranqüila, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você agora.

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