sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Ciência e o Futuro

”É bem provável que a ciência produzida daqui a um século nos pareça tão maravilhosa e estranha e misteriosa quanto a nossa ciência pareceria a um camponês medieval. A ciência e a tecnologia do século seguinte nos parecerá ser pura mágica. Eu diria que existe tanto para ainda ser feito pela Ciência que o resultado será muito mais maravilhoso, muito mais grandioso, até mesmo muito mais poético do que qualquer um que atualmente se considera espiritualista ou místico seria capaz de sonhar.”

Richard Dawkins








Se considerarmos os avanços tecnológicos dos últimos tempos, estes em muitos aspectos superaram as histórias de ficção ciêntifica. Nem as mais bem elaboradas histórias, que apesar de serem bem generosas quanto ao tempo que levaria para acontecer grandes avanços, não foram capazes de prever as muitas variáveis que de fato surgiram.

Mesmo assim, a leitura desta histórias se torna um exercício agradabilíssimo e imaginar quais seriam os avanços que o homem do futuro terá a sua disposição fica muito mais fácil se nos apoiarmos nos grandes pensadores. Se você quiser seguir uma viagem em direção ao futuro e estiver disposto a encarar o que ele nos reserva, procure nos textos de Isaac Asimov e você encontrara coisas magníficas.

Em especial recomendamos um conto, que pode ser lido no site novomundo.org.

Boa leitura!
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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Apologia (O Delírio de Dawkins exposto)

O Blog Apologia, que se auto denomina: "um blog evangélico cuja missão é refutar críticas ateístas e demonstrar a veracidade da fé cristã.", apresenta em seu artigo O Delírio de Dawkins exposto, uma palestra do filósofo William Lane Craig, que questiona os argumentos ateísta do livro Deus, um delírio. 

Craig, na palestra, explica que o argumento central do livro de Dawkins, é baseado em 6 premissas:

1º A origem do que nos parece ser o "design" do Universo;
2º É tentador atribuir a este design um projetista;
3º Atribuir um projetista para o design levaria a necessidade de explicar quem é o projetista do projetista;
4º O "grande" desing da biologia é a Seleção Natural (de Charles Darwin);
5º Não existe, ainda, um desing para a física, que explicaria o design do Universo;
6º Provavelmente algum dia teremos uma teoria tão explicativa para a física quanto é a Seleção Natural para a Biologia.

Em seguida Craig, demonstra com sua lucidez filosófica que estas premissas, que foram elencadas pelo próprio Dawkins com sendo o coração do livro, não levam necessáriamente a provar, lógicamente, que Deus não existe. Apenas, segundo ele, em uma pespectiva mais "caridosa" e assumindo as premissas como verdadeiras, podemos concluir que não se pode provar a existencia de Deus a apartir do argumento de design do universo.

Além disto, para alegria de todos os que acreditam na existencia de um Deus (qualquer Deus), o palestrante explica que (considerando verdadeiro o argumento de que nenhum Deus seria o designer do universo) ainda assim é perfeitamente possível acreditar em algum Deus, por exemplo:

"talvez nós devemos acreditar com base no Argumento Cosmológico, ou Argumento Ontológico, ou Argumento Moral..." e ainda acresenta "ou mesmo acreditar baseado simplesmente em nenhum argumento". Devemos reconhecer a integridade moral de um filósofo como o Sr. Graig ao afirmar que este "nenhum argumento" pode ser como exemplo, as experiências religiosas ou uma revelação divina.

Graig continua sua palestra mostrando que é perfeitamente viável que uma explicação que necessite de um projetista é perfeitamente lógica, o que também devemos concordar, e que com isto, não se pode dizer que Deus não seja o projetista do Universo, com base nesta premissa. Afirma ainda que tal projetista não necessáriamente teria de ser mais complexo que o próprio Universo. Dispensamos aqui as descrições deste projetista, utilizadas pelo Graig, como "entidade não física" que não seria necessáriamente complexa, apenas vamos citar a frase:

"Dawkins evidentemente confunde as IDÉIAS de uma mente, que podem ser muito complexas, com a mente EM SI."  (eis uma idéia complexa, gerada por uma mente talvez bem menos complexa, para comprovar sua própria veracidade).


É difícil compreender em que ponto está palestra de alguma forma vai de encontro com a idéia do blog Apologia de refutar críticas ateísta, já que foram confirmadas várias das idéias que dão folegos aos que questionam as "verdades" religiosas. Graig, afirma (talvez sem a intenção) muitas coisas sobre Deus:

-Não é o Design da vida, como afirmaram muitos antes de Darwin;
-Pode não ser o Design do Universo, mas para ser bastaria ser "simples" como uma mente capaz de ter idéias complexas como o cálculo infinitesiamal;
-Pode se acreditar Nele com base no Argumento Ontológico;


Muitos são aqueles que argumentão que seria possível existir um Deus, qualquer um dos diversos já inventados pelo homem (mesmo que este Deus não tenha a maioria das prerrogativas que as religiões lhe atribuem) e este debate é utilizado, tanto pelos que acreditam (ou querem acreditar), quanto é utilizado pelo que não acreditam (ou preferem não acreditar) nas mitologias (tanto clássicas quanto modernas). Mas, como exposto nesta palestra, e já discutido aqui, muito pior do que a fé em não crer são certas "lógicas" para crença.





Bem Apologia acaba de ir para o lista de inspirações d'O Enigma de Jade.

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terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Princípio (JRR Tolkien)

AINULINDALË
Ainulindalë
A Música dos Ainur


Havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar. Ele criou primeiro os Ainur, os Sagrados, gerados por seu pensamento, e eles lhe faziam companhia antes que tudo o mais fosse criado. E ele lhes falou, propondo-lhes temas musicais; e eles cantaram em sua presença, e ele se alegrou. Entretanto, durante muito tempo, eles cantaram cada um sozinho ou apenas alguns juntos, enquanto os outros escutavam, pois cada um compreendia apenas aquela parte da mente de Ilúvatar da qual havia brotado e evoluía devagar na compreensão de seus irmãos. Não obstante, de tanto escutar, chegaram a uma compreensão mais profunda, tornando-se mais consonantes e harmoniosos.

E aconteceu de Ilúvatar reunir todos os Ainur e lhes indicar um tema poderoso, desdobrando diante de seus olhos imagens ainda mais grandiosas e esplêndidas do que havia revelado até então; e a glória de seu início e o esplendor de seu final tanto abismaram os Ainur, que eles se curvaram diante de Ilúvatar e emudeceram.
Disse-lhes então Ilúvatar: - A partir do tema que lhes indiquei, desejo agora que criem juntos, em harmonia, uma Música Magnífica. E, como eu os inspirei com a Chama Imperecível, vocês vão demonstrar seus poderes ornamentando esse tema, cada um com seus próprios pensamentos e recursos, se assim o desejar. Eu porém me sentarei para escutar; e me alegrarei, pois, através de vocês, uma grande beleza terá sido despertada em forma de melodia.

E então as vozes dos Ainur, semelhantes a harpas e alaúdes, a flautas e trombetas, a violas e órgãos, e a inúmeros coros cantando com palavras, começaram a dar forma ao tema de Ilúvatar, criando uma sinfonia magnífica; e surgiu um som de melodias em eterna mutação, entretecidas em harmonia, as quais, superando a audição, alcançaram as profundezas e as alturas; e as moradas de Ilúvatar encheram-se até transbordar; e a música e o eco da música saíram para o Vazio, e este não estava mais vazio. Nunca, desde então, os Ainur fizeram uma música como aquela, embora tenha sido dito que outra ainda mais majestosa será criada diante de Ilúvatar pelos coros dos Ainur e dos Filhos de Ilúvatar, após o final dos tempos Então, os temas de Ilúvatar serão desenvolvidos com perfeição e irão adquirir Existência no momento em que ganharem voz, pois todos compreenderão plenamente o intento de Ilúvatar para cada um, e cada um terá a compreensão do outro; e Ilúvatar, sentindo-se satisfeito, concederá a seus pensamentos o fogo secreto.


"O Silmarillion" 
Livro de JRR Tolkien
Editado por Christopher Tolkien



Estes são trechos retirados do primeiro capitúlo do Livro que narra eventos antigos ocorridos no universo criado por JRR Tolkien, muito anteriores aos fatos narrados em O Senhor dos Anéis. Como toda boa mitologia, a AINULINDALË, conta o surgimento do mundo, de uma forma tocante e poetica que deixaria os livros mais famosos das mitologias antigas e das atuais ainda em voga, com uma pitada de inveja. Este relato, não tem a menor pretenção de ser tomado como uma verdade absoluta ou fonte de inspiração divina. Mas para mutios fãs, faz surgir no fundo do coração, mesmo que não chegem a exteriorizar, uma pensamento: "será que foi assim mesmo?"

Fim da História (de Hegel a Huntington)

Fim da história, conforme a teoria do filósofo alemão Friedrich Hegel, seria o  ponto onde ocorreria o último processo de mudança da historia. Sendo que a humanidade haveria encontrado um regime de governo que seria utilizado por um longo e indeterminado tempo.

Esta teoria foi retomada pelo norte americano, Francis Fukuyama, que alegava que o ponto máximo da evolução da humanidade, após o aniquilamento do socialismo e do facismo, seria o capitalismo liberal, que terminaria por se impor para todo o globo como regime predominante. Assim, o modelo capitalismo ocidental levaria ao Fim da História.

Contráriando esta visão, a tese de Huntington sobre o “choque de civilizações”, que pregava que após o final da guerra fria, o mundo entraria em uma guerra de civilizações, distinguíveis entre si pela cultura, sendo suas origens históricas e religião, os principais critérios de divisão. Nesta perspectiva o mundo seria basicamente dividido nestas principais "civilizações":

Sínica - Na região da Ásia Oriental, representada principalmente pela China.

Ocidental - Civilização greco-romana, religião predominante a judaico-cristã, compreendida nas regiões da Europa e os países do Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Australia.

Civilização Islâmica - Composta hoje por aproximadamente 57 estados do mundo árabe e norte da africa entre outros.

Nesta abordagem também teriamos as civilizações Japonesa, Latino Americana, Ortodoxia (Rússia) e da Africa Subsaariana, menos ativas em um cenário de conflitos entre culturas, tanto por menor poder econômico-político, quanto por terem afinidades com uma ou mais civilizações.

Esta visão do "Choque de Civilizações", que segundo Saramago foi "atacadas por uns e celebradas por outros quando do seu aparecimento", que ocorreu no início dos anos 90, mostra-se de certa forma verdadeira atualmente.

Hoje a supremacia do sistema político da Civilização Ocidental parece estar cada vez mais presente neste novo mundo globalizado. Algumas civilizações como a Japonesa, a maior parte da Latino Americana (incluindo o Brasil) e até mesmo o gigante asiatico, a China, aparentemente adotarão o sistema ocidental e com isto o mundo caminha para um certa unidade que poderia realmente parecer o Fim da História. Porém eis que surge um conflito, que em muitos aspectos não condiz com a realidade dos novos tempos de um mundo globalizado, "Cristianismo e islamismo continuam a comportar-se como inconciliáveis irmãos inimigos incapazes de chegar ao desejado pacto de não agressão que talvez trouxesse alguma paz ao mundo." (O caderno de Saramago - Um terceiro Deus).

De certa forma, atualmente, não existe conflito maior do que o religioso. Talvez não estejamos ainda preparados para algumas afirmações como a do filósofo Alemão Friedrich Nietzsche: "Temos a arte para não morrer da verdade", mas assumir certas posições, como a ignorância que são as verdades absolutas, que pregam a guerra entre povos, é a única esperença que temos de ver um mundo realmente globalizado e uma humanidade realmente unida.

Claro que Saramago satiriza ao levantar a hipótese de criação de um terceiro Deus, porém talvez exista outra opção, mais viável inclusive. Se for de arte que o homem precisa, a ciência, com suas diversas variáveis, desde a biologia até a matemática, tem muitas obras magnificas para serem criadas/descobertas e depois apreciadas, que poderiam ocupar todas as mentes e corações por muitos e muitos anos.

Mas se os homens precisam de histórias misticas com heróis e entes malvados para satisfazer o ego, a terra média esta de portas abertas para serem estudadas e vivenciadas, inclusive com uma origem bem mais elegante para o mundo do que muitas criações que são levadas bem mais a sério.








segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Carl Sagan - A Glorious Dawn ft Stephen Hawking (Cosmos Remixed) - Legendado

Vamos compartilhar aqui um belo video postado pelo http://www.youtube.com/user/felipefrog, nos apresentando uma música "interpretada" por grandes gênios e principalmente dois grandes divulgadores da ciência para as pessoas: Carl Sagan e Stephen Hawking. São graças a homens como eles que a ciência pode chegar até as mais distantes pessoas do mundo e despertar no coração delas a paixão pelo conhecimento.

Este video, como diz o próprio Felipe Frog, é "Um tributo a dois grandes homens da ciência."




"E se o mundo não corresponde em todos os aspectos ao nosso desejo, é culpa da ciência ou dos que querem impor seu desejo ao mundo?"
Carl Sagan


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O Universo de Stephen Hawking


Abaixo, trecho retirado da série O Universo de Stephen Hawking,  especialmente para todos os amantes da Astrologia, onde o renomado físico teórico da Universidade de Cambridge na Ingraterra, nos apresenta uma  apaixonante visão da evolução do pensamento a cerca do Universo.


"Toda minha vida eu tenho estado fascinado pelas grandes questões que nos enfretam e tenho tentado encontrar respostas científicas para elas. ... Se como eu já olharam para estrelas e tentaram encontrar uma lógica para aquilo que olhavam, também vocês começaram a se questionar sobre o que é que faz o Universo existir. As perguntas são claras e enganadoramente simples, mas as respostas sempre nos parecem bem longe do nosso alcance."

Stephen Hawking
Stephen Hawking´s Universe

Logo abaixo a primeira parte:






Veja as demais partes diretamente no youtube:


O UNIVERSO I de Stephen Hawking 2/6

O UNIVERSO I de Stephen Hawking 3/6

O UNIVERSO I de Stephen Hawking 4/6

O UNIVERSO I de Stephen Hawking 5/6

O UNIVERSO I de Stephen Hawking 6/6

Veja o artigo sobre o livro Uma breve história do Tempo de Stephen Hawking.

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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Direito de escolha... (Bilhões e Bilhões)



Alguns dos mais diversos tipos de sentimentos que brotam no vale da mente humana parecem ser de uma origem divina, que foge das regras físicas de um universo material. As belas palavras de um poema, as notas de uma perfeita sinfonia ou a imagem de uma pessoa amada, fogem as regras matemáticas e se apresentam como que provenientes de uma fonte de amor sobrenatural. A própria habilidade de ter consciência de sua existência, confere ao intelecto humano uma originalidade que aparentemente o coloca em uma posição que o distingui de tudo o resto que o cerca. Além disto, são muito belas as histórias religiosas que explicam a origem desta consciência individual do homem. Essas histórias que tentam explicar a existência deste ser pensante, justificam sua origem em algo que também não obedeça às regras conhecidas do mundo. Dizem que a mente (ou espírito) pertence a outro mundo e que para lá retornará após a derradeira despedida deste, que apenas temporariamente habita. Segundo estas histórias também, existe um outro ser, que compartilha algumas das características da mente humana, que também não foi criado a partir da matéria do universo, mas ao contrário, ele é que criou todo o universo, com todas as suas regras de funcionamento e tudo que nele existe, inclusive, criou a mente humana. Seria este ser a fonte ultima do amor, e dele emana toda a perfeição. Por outro lado, existem outras versões que tentam explicar a origem da mente humana e suas diversas habilidades. São as teorias cientificas, ligeiramente mais complexas e, dependendo da perspectiva, bem menos elegantes, porém, do seu modo, também tentam justificar a consciência do homem. Nas versões cientificas para o surgimento do intelecto do homem, porém, tudo que o compõem, obedece as mesmas regras as quais está sujeito todo o resto a sua volta. 


Muito difícil, se mostra, assumir uma defesa das teorias cientificas em detrimento das versões religiosas, quando o próprio princípio da ciência exige reprodução em laboratório como um pré-requisito para validar seus argumentos. No atual estagio, a ciência não pode reproduzir (mal pode explicar) as habilidades da mente humana. A melhor tentativa, por assim dizer, são os computadores. Em alguns aspectos eles conseguem reproduzir algumas das habilidades da mente humana, porém, estamos muito longe de dar a estas maquinas, o que chamamos de inteligência artificial (que seria o poder de escolha aleatória e consciente para o computador). Qualquer um que se aprofunde no tema, terá sempre a seu dispor esta qualidade (que, ao menos, atualmente não está ao alcance dos computadores) que é a de poder escolher, neste caso, escolher em que acreditar. Aliás, escolher é o principio básico de todas as religiões, o escolher crer, ou seja, ter fé. 


Cada um deve fazer a sua escolha conforme suas convicções e este é um direito de cada um de nós. Esta escolha levará em consideração diversos fatores, alguns mais racionais e outros mais emocionais, mas acima de tudo, esta escolha refletirá também as convicções de cada um. Estas convicções, por estarem tão enraizadas no mais profundo intimo da mente, serão a base que constituirá a fé desta pessoa, independente de qual escolha faça. Tão importante quanto o direito de escolher é também o direto de ser respeitada esta escolha, independente do quão conflitante possa parecer aos olhos de outrem. Neste sentido, encontramos um relato comovente do direto de ser respeitada a escolha de cada um de nós, no livro Bilhões e Bilhões – Reflexões sobre Vida e Morte na virada do Milênio (Carl Sagan, Ed. Companhia das Letras 1998).


O livro é composto de 19 artigos sobre os mais variados temas, onde o professor de astronomia e um dos maiores divulgadores da ciência de todos os tempos, o americano Carl Sagan (1934 – 1996), discorre sobre política, meio-ambiente e ética, de modo inteligente e profundo. Porém o que mais emociona (e porque não também dizer, nos ensina) neste livro é o epílogo, onde a mulher deste eminente astrônomo, a Sra. Ann Druyan, relata seus últimos momentos ao lado do seu grande amor, de forma muito poética e apaixonada. Nesta sua dedicação ao grande amor de sua vida, podemos ver um lindo e comovente depoimento de fé. Abaixo um trecho que foi destacado na contra capa do livro:


 





“Com suas revelações sobre um pequenino mundo embelezado pela música e pelo amor, a nave Voyager já saiu do sistema solar e se dirige ao mar aberto do espaço interestelar. A uma velocidade de 70 mil quilômetros por hora, projeta-se em direção às estrelas e a um destino com o qual só poderemos sonhar. Estou cercada por pacotes do correio, cartas de pessoas de todo o planeta que lamentam a perda de Carl. Muitos lhe dão o crédito por tê-los despertado. Alguns dizem que o exemplo de Carl os inspirou a trabalhar pela ciência e pela razão contra as forças das superstição e do fundamentalismo. Esses pensamentos me consolam e em resgatam de minha dor. Permitem que eu sinta, sem recorrer ao sobrenatural, que Carl vive.”


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Caim (José Saramago)

O escritor português José Saramago, em entrevista ao Estadão, em face do lançamento do seu livro CAIM,  se posiciona sobre o que ele chamou de "insolência reacionária" da igreja, e afirma que: "Deus não existe fora da cabeça das pessoas que nele creem." e ainda chama o Papa Bento XVI de "cínico".




Trecho do livro:


"Este nosso relato, embora não tendo nada de histórico, demonstra a que ponto estavam equivocados ou eram mal-intencionados os ditos historiadores, caim existiu mesmo, fez um filho à mulher de noah, e agora tem um problema para resolver, como informar lilith de que é seu desejo partir. Confiava que a condenação ditada pelo senhor, Andarás errante e perdido pelo mundo, pudesse convencê-la a aceitar a sua decisão de ir-se. Afinal, foi menos difícil do que esperava, talvez também porque essa criança, formada por não mais que um punhado de células titubeantes, exprimisse já um querer e uma vontade, o primeiro efeito dos quais tivesse sido a reduzir a louca paixão dos pais a um vulgar episódio de cama a que, como já sabemos, a história oficial nem sequer irá dedicar uma linha. Caim pediu a lilith um jumento e ela deu ordens para que lhe fosse entregue o melhor, o mais dócil, o mais robusto que houvesse nas estrebarias do palácio. E nisto se estava quando correu pela cidade a notícia de que o escravo traidor e seus comparsas haviam sido descobertos e presos. Felizmente para as pessoas sensíveis, dessas que sempre apartam os olhos dos espetáculos incômodos, sejam eles de que natureza forem, não houve interrogatórios nem torturas, o que talvez se tivesse devido à gravidez de lilith, pois, segundo a opinião de abalizadas autoridades locais, poderiam ser de mau agouro para o futuro da criança em gestação, não só o sangue que inevitavelmente se derramaria, mas também os desabalados gritos dos torturados. Disseram essas autoridades, que os bebês, dentro das barrigas das mães, ouvem tudo quanto se passa cá fora. O resultado foi uma sóbria execução por enforcamento perante toda a população da cidade, como um aviso, Atenção, isto é o mínimo que vos pode suceder a todos."


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um mundo de diversidades




"Só temos consciência do Belo
quando conhecemos o feito.
Só temos consciência do bom,
Quando conhecemos o mau.
O grande e o pequeno são complementares.
O alto e o baixo formam um todo
O tom e o som se harmonizam.
O antes e o depois seguem-se um ao outro.
O passado e o futuro geram o tempo.
O longo e o curto se delimitam
O ser e o não ser geram-se mutuamente.
O sábio executa sua tarefa sem agir.
O sábio tudo realiza - e nada considera seu.
O sábio tudo faz e não se apega à sua obra."





TAO TE KING



"É vital estabelecer no íntimo de cada indivíduo uma nova e mais profunda visão de humanidade, uma que enfatize a dignidade inerente e a igualdade de todos os seres humanos. Eu acredito que a resposta mais correta para o problema da discriminação racial reside na revolução humana, na profunda transformação interior que substitua o egoísmo – que justifique o subjulgação do seu semelhante – por uma visão compassível que nos faça respeitar a si e ao próximo, ao mesmo tempo que lute pela coexistência pacífica entre todos os povos."



Daisaku Ikeda



Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.
Dalai Lama

Amo a humanidade, sua diversidade, as pessoas e suas culturas. Amo nosso pequeno cantinho do mundo e todas as coisas incríveis que existem nele.







Abaixo, video da Pale Blue Dot, sobre o texto de Carl Sagan:












sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conselhos para vida....

Ouvi falar que devemos ser humildes. Tenho me esforçado muito para viver uma vida simples com poucos bens e feliz. Metade do caminho eu já consegui, tenho muito poucos bens materiais.  


Ouvi falar que a vida é feita de momentos felizes. Acreditei nisto e tenho tentado ser feliz, na maior parte do tempo que é possível. Se somar todos os momentos que já sabia que não seria feliz de qualquer forma, tenho tido razoável sucesso. 


Falaram-me que devemos tratar as pessoas como gostaríamos que fosses-mos tratado por elas. Confesso que, neste ponto em especial, cansei de declarar meu amor. Mas não porque não queira, acontece que as pessoas em geral, olham com desconfiança quem as trata exageradamente bem. 


Li, recentemente, que devemos fazer aquilo que gostamos. Lembrei, que em algum lugar já havia lido também, algo sobre vocação e que devemos fazer as coisas com paixão, assim elas seriam bem feitas. Acontece que em outro lugar, estava escrito que devemos gostar daquilo que já fazemos e que este era o segredo. Lembro de tudo o que li, mas estou um pouco confuso. 


Certa vez, quando ainda era bem jovem, achava que havia encontrado o amor da minha vida. Tinha muita certeza que o amor que eu sentia era para sempre. Isto já tinha acontecido antes e ainda aconteceram muitas outras vezes, mais tarde. Mas me lembro de uma vez em especial. Nesta época eu fui muito feliz, logo em seguida veio mais um daqueles momentos que, hoje eu sei, fazem parte da nossa vida. 


Gosto muito da ciência e ouvi falar algo sobre a fecundação do óvulo. Dizem que temos muita sorte de vivermos, já que existia um numero incrivelmente grande de chances de ser outra pessoa a estar aqui em nosso lugar. Pena que não deixei um pouco desta sorte para os jogos de loteria. 


Gosto muito da religião e ouvi falar que devemos ficar tranqüilos. Dizem que temos alguém olhando por nós, e que se formos julgados merecedores, muita mais sorte há de nos esperar em outra vida. Engraçado também alguns dizerem que a religião molda nossa ética, mas enfim, tudo nesta vida tem um preço e outra vida parece estar bem pago para mim.


Não gosto muito de política e ouvi falar, mas não me recordo quem foi que falou, que devemos procurar nos estabelecer sozinhos e não se preocupar muito com estes assuntos e menos ainda esperar ajuda do poder público. Parece que muitos pensam assim, eu já pensei diferente. Mas como diz o poeta, é comum no início da vida que o jovem planeje construir uma ponte até a lua ou o maior e mais belo castelo de todo o mundo. Normalmente, mais para o final da vida, o homem utiliza todo esta material para construir a mais resistente cabana para sua morada. 


Não sei por que escrevo. Mas isto me ajuda a ser feliz. É que li recentemente que devemos fazer aquilo que gostamos.









quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Talvez por isto...

Recentemente, uma jornalista, se interessou por este blog, e após uma breve leitura, o “identificou” com o tema: ateísmo. Eu, como editor, fiquei um pouco chateado. Afinal de contas, existe uma idéia, ligeiramente diferente, que norteia a finalidade dos temas aqui abordados.

De início o nome do blog seria Sabedoria & Ceticismo. Acontece que por algum motivo oculto ele se transformou em O Enigma de Jade, o que significa que existe menos objetividade (certezas) do que teria com o título anterior. Nesta pouca objetividade, o ateísmo aparece como sendo um tema interessante e comum, devido ao fato de que apesar de muitas pessoas terem suas dúvidas quanto as pregações das igrejas mais acessíveis no Brasil, (ao menos, dentro de um pequeno quadro de amostragens realizadas por este editor, são mesmo muitas pessoas), poucas são as que assumem esta posição. Quem sabe um dia, este blog, possa estar desvinculado desta cara, por enquanto ela rendeu um prêmio valiosíssimo. O Prêmio foi uma resposta, para o nosso pequeno artigo Saindo da Matrix (Dawkins um delírio), que foi redigida pelo Acid, do Saindo da Matrix, o qual reproduzimos com muito orgulho:

“...quanto ao Dawkins, é difícil desassociar as teorias dele do deboche que ele traz consigo. E mais: ele se baseia numa noção de Deus cristã ou católica, sei lá, quando Deus não é um ente definível. Cadê o Deus sufi? Cadê o Deus xinto? Eles não encaixam na equação que Dawkins quer ridicularizar. Os próprios cientistas estão vendo que a religiosidade é sim importante pro bem-estar das pessoas. Não é algo que deva ser imposto, mas também não é algo que deva ser execrado da sociedade, colocado à marginalidade e MUITO menos "desmistificado" pela ciência porque esta não é a área de atuação dela (assim como reprovo os criacionistas que ficam invadindo a área científica ou mesmo a turma mais fanática dos "quantum isso quantum aquilo").

Comecei a ler na livraria o mais recente livro do fisico Amit Goswami, "Deus não está morto". No prólogo ele descasca o Dawkins, os criacionistas e os Wilberianos com bons argumentos.”

Se existe algo de sobrenatural em certas coisas da vida, estes são apenas sentidos e jamais poderão ser explicados. Todos nós temos nossos momentos onde acontecimentos extraordinários nos parecem ter origem em forças maiores (providencia divina, talvez), mas dificilmente poderemos explicar o motivo que nos leva a crer nisto, e menos ainda poderemos provar racionalmente aos outros aquilo que pensamos.

Talvez por isto, exista a poesia, que nos toca muito mais profundamente com seu sentido do que as meras palavras nela contida. Talvez por isto, exista o amor que recebemos de outras pessoas, que nos comove muito mais do que mil pregações de qualquer sacerdote.



"A vida não é uma pergunta a ser respondia. É um mistério a ser vivido."

Siddharta Gautama – Buda

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O Princípio de Todas as Coisas (Hans Kung)

No princípio, era a singularidade. O que seria esta singularidade?

É comum pensarmos que a ciência e a religião são maneiras diferentes de tentar explicar o mundo, o que é verdadeiro, e por pernsarmos assim, acreditamos também que elas devem seguir caminhos opostos. Pelo fato de, normalmente, seguirem caminhos opostos, muitos de seus seguidores (tanto da religião quanto da ciência) também seguem caminhos opostos. Acontece que normalmente tais seguidores tendem a se afastar drasticamente uns dos outros. Também é comum entre os fundamentalistas, de ambos os lados, menosprezarem fortemente quaisquer idéias dos adeptos do outro 'caminho'.

Todas as culturas tem sua lenda da formação do universo, de como tudo surgiu e do motivo de todas as coisas existirem. Quem divulga as origens da criação são os Sacerdotes, das diversas religiões que já existiram. São eles, os detentores dos mais elevados conhecimentos (as vezes atribuidos a uma origem divina), que narravam o surgimento do universo, sempre afirmando que suas respostas eram as verdadeiras. Atualmente a nossa cultura (dos tempos Contemporâneos) acredita que tem as repostas, mais próximas da verdadeira origem do Universo, que o homem jamais teve em toda a sua história. Isto se deve, pelo fato de que pela primeira vez, acreditamos em uma lenda de criação que é pautada em observações e experiências. Esta lenda nos é contada pelos  modernos sacerdotes, mais conhecidos como cientistas.


Um físico, consciente das teorias modernas de criação do universo e de como surgem as estrelas e sistemas planetários neste contexto, não pode mais acreditar na narração bíblica que é muitas vezes divulgada como literalmente verdade sobre o surgimento do nosso planeta terra. Da mesma forma, um biólogo tem a sua disposição uma teoria que explica a evolução das espécies, e conhece a semelhança pequena entre a informação genética do homem e um inseto, porém sabe que muito maior é tal semelhança entre o homem e um Chipanzé. Assim parece-lhe impossível crer que o homem pertença a algum projeto especialmente arquitetado, o qual o diferencia tanto assim dos demais seres de nosso planeta.


Para os fundamentalistas das ciências naturais, que a colocam em contraste total os conhecimentos científicos e qualquer tipo de crença metafísica (principalmente as grandes religiões de Abrão) utilizando como argumento a falta de atualização dos religiosos em geral, é recomendável o livro de Hans Kung, O Principio de Todas as Coisas, (Ed. Vozes, 2007). Neste livro o professor de teologia, faz uma leitura breve dos atuais conhecimentos científicos desde suas origens e em todos os campos das ciências naturais, desmascarando sim todas as, hoje inadmissíveis, inverdades pregadas pelas religiões, porém deixando alguns pontos para serem refletidos por aqueles que desprezam a religiosidade a priori.






Uma das grandes jogadas do livro, que humildemente respeita e admite muitos avanços do conhecimento cientifico que acabaram por desmistificar muitas teses religiosas, esta no fato de delimitar um campo de atuação para ciência. Pode o cientista, argumentar algo sobre a existência ou não de um ser divino? O emérito e polemico sacerdote da Igreja Católica, questiona com que autoridade um Físico ou Biólogo pode afirmar que não exista um ser que cientificamente não pode ser negada sua existência.



Seria a ciência competente para julgar os objetos da religião? Podemos nós, seguindo o caminho da ciência, desconsiderar toda e qualquer metafísica ou religiosidade, pelo fato dela nos revelar que as antigas tradições estavam erradas? (ou pelo fato de os homens que lidam com as tradições terem distorcido-as e manipulada-as?). Não seria a ciência a mais nova ferramenta do homem, no sentido de vislumbrar a maguinitude do universo, que é muito maior que todas as visões religiosas sempre lhe atribuíam, e sendo assim muito mais admirável.



Algumas questões interessantes são levantadas, para todos aqueles que não enxergam uma vida cientifica produtiva, direcionada por uma forte fé religiosa. Hans Kung, se pergunta se o povo oriental (budistas e de outras religiões) ficam intrigados ao verem tantos avanços do conhecimento humano moderno, terem saído do berço do mundo ocidental principalmente entre os cristãos e judeus. E o que isto significa exatamente?



Melhor ainda, se torna ‘O Principio de Todas as Coisas’ para aqueles que julgam, com maus olhares, os que fugiram das tradições por compreenderem que muitas vezes é impossível conciliar os conhecimentos das ciências naturais e os avanços tecnológicos com as pregações religiosas em geral. Ainda assim, neste livro, a religiosidade esta intocável sendo ela um direito de escolha individual, e que deve ser respeitado.

Não existe a pretensão neste livro de impor a verdade. São demonstrados os erros, limitações e discordâncias que existem entre as próprias ciências naturais. Alguns paradoxos são avaliados como a tentativa de descrever as leis que regem o acaso, por exemplo. Mas nunca objetivando simplesmente colocar um Deus nas lacunas destes conflitos. Sendo que é como religioso e não como cientista que Hans, nos pergunta: Qual o prejuízo de, aceitando a ciência, também aceitar a Deus?


(em homenagem especial para Fernanda Freitas)